quarta-feira, 13 de julho de 2016

Batalha ou não?

Nunca gostei de ouvir falar de cancro como uma batalha, parece que as pessoas que morrem são perdedoras, como se estivesse ao nosso alcance obter poderosas armas ou elaborar uma estratégia que leve à vitória e não à derrota. Não!! Não é uma opção nossa, ao contrário de uma verdadeira batalha onde o que tem menos armas pode ganhar, tal como a História nos mostrou. O processo de viver o cancro não é uma batalha que se vence ou perde, ele já tem muito mais armas e estratégias do que nós alguma vez teremos, sabe muito mais de nós do que nós dele. Ele está à nossa frente, inicialmente, porque já está determinado se o tipo ou o momento em que foi detectado, pode ser combatido pela medicina ou não. A nós só nos cabe decidir se vamos aparecer! Se vamos passar por todo o sofrimento que envolve a tentativa de cura ou nem sequer tentar. Exige uma força emocional brutal, sem dúvida, exige à pessoa e à família mas nem a maior força de vontade e otimismo vão conseguir transformar um diagnóstico muito negativo numa leve brisa.

Com isto não digo que sou pessimista, pelo contrário, temos que ser positivos durante todo o processo e temos direito a ficar devastados e irritados de vez em quando, e para que não seja tão brutal, temos que ter os olhos no depois. A minha esperança é de que estejamos cada vez mais perto de descobrir a forma de o matar ou pelo menos abrandar radicalmente.

Quando alguém morre de ataque do coração diz-se que perdeu a batalha contra o músculo?


3 comentários:

  1. Às vezes, escolhem-se palavras e expressões para determinadas situações que nem sempre são as mais felizes, embora as intenções até possam ser as melhores. Quem não consegue vencer a doença não será um perdedor, assim como quem consegue a cura não é herói. Poder-se-iam aplicar esses termos se estivesse na mão das pessoas o seu destino e delas dependesse a cura ou a morte. Como não está, então utilizar termos militares é desfasado da realidade. Desta vez, e só desta vez, concordo! :P

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    1. Exatamente, entendeste perfeitamente o que queria dizer ;) Sei que não é por mal, mas pode fazer sentir mal quem está mais debilitado, não sendo mais ou menos batalhador.
      Deve ter sido uma vez sem exemplo :p

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    2. Hum, começo a temer pelo futuro deste planeta. Nós a entendermo-nos? Nós a percebermo-nos um ao outro? Os "Putins" desta vida estão a começar a ver os seus lugares de vilões em perigo :P

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