sexta-feira, 29 de julho de 2016

Ansiedade a quanto obrigas

Aceitar!! Aceitar é a chave!

Aceitar que se está ansioso, aceitar que a mente está a passar por dúvidas e incertezas, aceitar que a mente está a rever todos os cenários, reais ou imaginários, de perigo para nos oferecer uma solução que nos leve a porto seguro. Quem procurou informação sobre esta temática já leu, com certeza, que a mente reage da mesma forma seja o perigo real ou imaginário. Basta, numa mente ansiosa, um pensamento de possível perigo para serem desencadeadas as reações no sentido de voltar a encontrar a segurança. As sensações são as mesmas, aparecendo um leão ou uma aranha à nossa frente. Vou tentar explicar como e porque se desencadeiam estas reações.

já todos ouvimos falar do Sistema Nervoso Central (SNC) e do Sistema Nervoso Autónomo (SNA), se o primeiro é a parte mais racional, já o segundo é considerado o cérebro emocional que controla automaticamente as emoções negativas, digestão, nível de temperatura, fluxo sanguíneo e muitas outras funções. As responsabilidades do SNA podem dividir-se em duas partes, a diversão e o medo, as quais estão em competição, isto é, não é possível senti-las simultaneamente, como facilmente podemos concluir se pensarmos no modo como vivenciamos as experiências.

Quando a parte do medo está pouco ativada sentimos um ligeiro incómodo, mas quando a sua ativação é muito intensa, o modo escape/luta é desencadeado e é aqui que sentimos as sensações de coração acelerado,  hiperventilação, nó no estômago, dor no peito, dor de cabeça ou musculatura tensa, todos nós já passámos por isso e sabemos bem o que é. É uma função essencial que nos permite sair do trajeto de um obstáculo em movimento, saltar por cima de um buraco que aparece no meio do caminho ou evitar uma queimadura maior ao afastar, automaticamente, a mão da fonte de calor. O grande problema é que o nosso cérebro, nesse modo ativado, entende todos os perigos como reais e não tem a capacidade de distinguir os que não são. Acredita e fica alerta a todos os pensamentos, por mais irreais ou irracionais que sejam. Por isso sentimos o apelo de fugir quando vemos uma cobra dentro de uma caixa segura, uma aranha no quarto ou estamos num sítio alto mesmo que dentro de um edifício. Quando estamos perante um perigo real ou um medo que criámos, um perigo imaginário, a parte racional (SNC) vai pela janela e o SNA toma conta do corpo, por mais que pensemos que não há razão para tal, a mente já entendeu o perigo como real e despoleta, exatamente, as mesmas sensações e é este estado o que se chama de ansiedade, cujo expoente máximo se verifica nos ataques de pânico. Imaginem que o nosso medo é perder o controlo e fazer algo que nos envergonhe, ter um ataque cardíaco ou ficar sem ar, se estivermos num sítio fechado, como um elevador, e a nossa mente começar a pensar que é possível os nossos medos se materializarem, lembrem-se que a nossa mente o que sabe fazer é gerar infindáveis pensamentos, adivinhem o que vai acontecer...

A boa notícia é que nem todos temos estes medos, por mais que tente, nunca vou ter um medo irracional de ratos ou do mar, tal como muitas pessoas não terão os meus, sorte a vossa ;). A outra boa notícia é que há estratégias que ajudam a desconstruir o desencadeamento do processo e, assim, diminuem a intensidade do que se sente. Tudo começa por perceber o que se está a passar na nossa mente e corpo. Há psicólogos, há medicação, há livros, este por exemplo e há meditação, como tenho falado por aqui. O importante é perceber quais são as estratégias mais adequadas para cada um de nós. É, igualmente, essencial procurar ajuda o mais cedo possível, será muito mais eficaz para reverter o que foi aprendido como medo. É pena ainda haver tanto preconceito à volta destas questões quando há tantas, tantas pessoas a sofrerem com ansiedade pelo mundo fora.

Com a meditação, aprendi a ouvir o corpo e a tentar perceber onde se alojavam as sensações mais intensas, comigo é na barriga. Aprendi uma lição muito importante: aceitar o que se está a sentir, seja muito bom ou muito mau, o facto de aceitarmos reduz imediatamente a intensidade. Se consigo aceitar sempre e ao primeiro sinal de ansiedade? Claro que não, mas até isso tenho que aceitar, é uma aprendizagem até lá chegar. Aceitar que estamos em modo de alerta, aceitar que muitas pessoas não vão entender porque, felizmente, não vivem com isso, aceitar que, infelizmente, muitas pessoas percebem exatamente. Aceitar que perante um perigo, a mente vai querer comandar o corpo a seguir o que entende como melhor opção, acreditar que podemos não adotar nenhuma das opções. Aceitar que não se está a gostar mesmo nada do estado de ansiedade que caiu em nós, acreditar que é passageiro, acreditar que tudo ficará sereno, porque fica sempre, ouviram, SEMPRE!

3 comentários:

  1. Acho que todos aqueles que leram este post devem agradecer-te por o teres escrito. Para quem não tinha um acontecimento aprofundado sobre a matéria, como é o meu caso, está aqui um belo resumo do que é a ansiedade. Isso ajuda a compreender melhor o que é este problema e a detectar os indicadores que sugerem que o temos. Serviço público, miss Certezas. Parabéns pela coragem também! E tu vais saber dominar tudo isto. Eu sei que vais! :D Kiss

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    1. Eu é que agradeço Sr. LR!!! Ainda bem que não tens um conhecimento profundo sobre o assunto, ele é meio chatinho :p

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    2. És a segunda pessoa a chamar-me de Miss Certezas, acho que vou adotar este petit nom ;)
      Beijinhooooos

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